História da Loja
São Paulo
O empresário paulistano Victor Leal Jr. e o carioca Bernardo Ouro Preto são varejistas improváveis fazendo um sucesso improvável. Por décadas, vender alimentos e bebidas para os ricos brasileiros foi coisa de gente que pensava pequeno.
Os dois mais tradicionais empórios de luxo do país, a paulistana Casa Santa Luzia e a carioca Lidador, nasceram nos anos 20 — e sempre mantiveram os pés fincados no chão. O risco de crescer sempre foi grande demais: como nossa moeda nunca foi das mais estáveis, o preço das coisas podia variar a ponto de inviabilizar um negócio grande demais.
Diante disso, pode-se dizer que Leal Jr. e Ouro Preto, dois executivos sem nenhuma experiência no varejo, realizaram um feito inédito — abraçaram os ricos, mas sem pensar pequeno. Acabaram criando a maior rede de supermercados “premium” do Brasil em número de lojas, o St Marche.
Como costuma acontecer em histórias desse tipo, a coisa toda aconteceu meio por acaso. Há pouco mais de uma década, eles foram apresentados por um amigo em comum e souberam que havia um empório no bairro do Morumbi que estava claudicando. Interessada no varejo gastronômico, a dupla investiu dinheiro do próprio bolso e pediu ajuda a amigos e parentes.
Juntou cerca de 700 000 reais para arrematar o empório e transformá-lo em supermercado, reinaugurado em 2002. A ideia era vender de tudo, de vinhos franceses e sorvetes artesanais a detergentes e frutas frescas, dando prioridade às marcas mais consumidas pelos endinheirados.
No primeiro ano, a loja deu lucro. Hoje com 16 lojas, o St Marche fatura 370 milhões de reais e está em meio ao mais ambicioso projeto de expansão de sua história — chegar a 1 bilhão de reais de faturamento em 2018, com 40 lojas. Os dois são também donos desde 2007 do Empório Santa Maria, outro supermercado chique de São Paulo.
Um crescimento tão acelerado se deve ao encontro do modelo certo com o momento certo. Nenhuma rede de varejo capturou o, digamos, zeitgeist gastronômico brasileiro — sobretudo paulistano — da última década tão bem quanto o St Marche.
Foi a década da sofisticação, alguns dirão exagerada, de tudo: comprar cervejas, cafés, azeites, carnes e até o sal de cozinha ficou um pouco mais complicado. O St Marche, com suas bandejas de tomate de 14 reais, seus cafés em pó de 43 reais e seus azeites de 150 reais, virou uma espécie de símbolo dessa tendência.
O marketing abraça a ideia despudoradamente. O St Marche tem até um “manifesto” em que se define como o mercado “de gente que quer curadoria e menos encheção de linguiça”. Deu preguiça? Não consegue imaginar alguém que vá ao supermercado querendo curadoria? Que está dando certo, está...
Casos como o do St Marche são raros no mundo todo. Na maioria dos países, há pequenos empórios que vendem produtos sofisticados — e as compras do dia a dia precisam ser feitas em supermercados.
O empresário paulistano Victor Leal Jr. e o carioca Bernardo Ouro Preto são varejistas improváveis fazendo um sucesso improvável. Por décadas, vender alimentos e bebidas para os ricos brasileiros foi coisa de gente que pensava pequeno.
Os dois mais tradicionais empórios de luxo do país, a paulistana Casa Santa Luzia e a carioca Lidador, nasceram nos anos 20 — e sempre mantiveram os pés fincados no chão. O risco de crescer sempre foi grande demais: como nossa moeda nunca foi das mais estáveis, o preço das coisas podia variar a ponto de inviabilizar um negócio grande demais.
Diante disso, pode-se dizer que Leal Jr. e Ouro Preto, dois executivos sem nenhuma experiência no varejo, realizaram um feito inédito — abraçaram os ricos, mas sem pensar pequeno. Acabaram criando a maior rede de supermercados “premium” do Brasil em número de lojas, o St Marche.
Como costuma acontecer em histórias desse tipo, a coisa toda aconteceu meio por acaso. Há pouco mais de uma década, eles foram apresentados por um amigo em comum e souberam que havia um empório no bairro do Morumbi que estava claudicando. Interessada no varejo gastronômico, a dupla investiu dinheiro do próprio bolso e pediu ajuda a amigos e parentes.
Juntou cerca de 700 000 reais para arrematar o empório e transformá-lo em supermercado, reinaugurado em 2002. A ideia era vender de tudo, de vinhos franceses e sorvetes artesanais a detergentes e frutas frescas, dando prioridade às marcas mais consumidas pelos endinheirados.
No primeiro ano, a loja deu lucro. Hoje com 16 lojas, o St Marche fatura 370 milhões de reais e está em meio ao mais ambicioso projeto de expansão de sua história — chegar a 1 bilhão de reais de faturamento em 2018, com 40 lojas. Os dois são também donos desde 2007 do Empório Santa Maria, outro supermercado chique de São Paulo.
Um crescimento tão acelerado se deve ao encontro do modelo certo com o momento certo. Nenhuma rede de varejo capturou o, digamos, zeitgeist gastronômico brasileiro — sobretudo paulistano — da última década tão bem quanto o St Marche.
Foi a década da sofisticação, alguns dirão exagerada, de tudo: comprar cervejas, cafés, azeites, carnes e até o sal de cozinha ficou um pouco mais complicado. O St Marche, com suas bandejas de tomate de 14 reais, seus cafés em pó de 43 reais e seus azeites de 150 reais, virou uma espécie de símbolo dessa tendência.
O marketing abraça a ideia despudoradamente. O St Marche tem até um “manifesto” em que se define como o mercado “de gente que quer curadoria e menos encheção de linguiça”. Deu preguiça? Não consegue imaginar alguém que vá ao supermercado querendo curadoria? Que está dando certo, está...
Casos como o do St Marche são raros no mundo todo. Na maioria dos países, há pequenos empórios que vendem produtos sofisticados — e as compras do dia a dia precisam ser feitas em supermercados.